segunda-feira, 18 de maio de 2015

R$ 3,00 é roubo: a UJS é contra o aumento na passagem de ônibus

A União da Juventude Socialista (UJS) de Rio Grande possui um histórico na luta por melhorias no transporte coletivo do município. Sempre em defesa dos usuários, aqueles que sofrem diariamente com as diversas falhas existentes, a UJS destacou-se por inúmeros protestos e atos em defesa da população. Durante a gestão da família Branco (PMDB) no Executivo Municipal, foram várias as manifestações contra aumento das passagens, a extinção de linhas, a baldeação da integração, a restrição ao uso do cartão escolar, a lotação dos ônibus, o monopólio instaurado pela Noiva do Mar, a qualidade dos veículos, os atrasos, a falta de dialogo e representação da sociedade nas decisões acerca do transporte.

Para além das manifestações, também se destaca a nossa capacidade de debater e buscar soluções. Foi assim quando estivemos a frente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da FURG. Em diversos momentos procuramos a antiga gestão da Prefeitura e apresentamos a realidade dos estudantes e passageiros. Algumas reivindicações foram atendidas nesse período, como o fim do bloqueio ao uso do cartão escolar na madrugada, o retorno da linha FURG até o IFRS (ligando o Campus Carreiros ao Instituto Federal), a instalação de um terminal de recarga de cartões no Centro de Convivência da Universidade (descentralizando esse procedimento) e uma vaga para o DCE no Conselho Consultivo de Transporte e Trânsito. Quando estivemos a frente da União Riograndina de Estudantes Secundários (URES), conquistamos outro fato inédito em Rio Grande: a possibilidade de utilização do cartão escolar em um domingo de prova do ENEM.

Entre abaixo-assinados, participação ativa em audiências pública e protestos, ressaltamos uma denúncia sobre a superlotação dos ônibus que transportam os passageiros. A partir dessa iniciativa, o Ministério Público realizou uma investigação que gerou uma ação civil pública. Com o ato foi constatada uma alteração da indicação que informa a capacidade máxima de passageiros nos ônibus.

Com a chegada do prefeito Alexandre Lindenmeyer (PT) ao Paço Municipal, a esperança tomou conta da população. No início da nova gestão algumas bandeiras levantadas pela UJS foram atendidas, como o fim da restrição ao uso do cartão escolar (respeitando o estudante que agora pode usá-lo todos os dias da semana). Entretanto, acreditamos que precise haver um aperfeiçoamento dessa prática, pois foi permitido a recarga de apenas 20% a mais do valor anteriormente liberado (fato que não garante o uso do cartão em todos os dias do mês). O mesmo cartão escolar também foi ampliado aos professores. Outra reivindicação atendida, e já presente em diversos municípios, foi a instituição do passe livre em cinco dias durante o ano, o que era firmemente negado na gestão do PMDB. A administração municipal também cumpriu o Estatuto do Idoso, dando gratuidade aos passageiros a partir dos 60 anos. Reconhecemos o avanço da atual gestão da Prefeitura ao lançar o edital para a nova licitação do transporte coletivo, fato que, esperamos, mude a configuração do serviço prestado, com o fim do monopólio privado. Essa é, sem dúvida, nossa maior reivindicação.

No entanto, não é possível que haja concordância da UJS no atual cenário do transporte público. São muitos os problemas enfrentados, como o atraso nos horários de diferentes linhas e a constante superlotação em horários de pico. É possível constatar também uma falta de planejamento na distribuição dos ônibus, fazendo com que o usuário espere além do habitual nas paradas.

Diante desse cenário, e entendendo que o nosso transporte público tem muito a melhorar, a UJS posiciona-se contrária ao aumento de R$ 0,25 no preço da passagem. Consideramos R$ 3,00 um valor abusivo, que irá impactar enormemente na vida dos estudantes e da classe trabalhadora. Reafirmamos o nosso compromisso de lutar e defender milhares de passageiros que utilizam o transporte coletivo diariamente. Portanto, apoiaremos qualquer ato de mobilização contra esse aumento, desde que tais movimentos dialoguem com os órgãos responsáveis e que não sirvam de massa de manobra para quem nunca se importou com o transporte coletivo.

Defendemos a imediata redução na tarifa do ônibus, como forma de compensar a população pelo atual serviço prestado. Também entendemos que a médio e longo prazo, a Prefeitura deva reativar as linhas do DATC dentro do município (hoje presente em alguns horários da linha Rio Grande - Porto Alegre). O poder público deve gerir diretamente esse serviço, sem que a ganância dos atuais empresários do transporte faça a população refém dos seus lucros. O DATC, com qualidade e bem administrado também nas linhas urbanas, pode servir como um regulador do sistema de transporte e garantir divisas para sua manutenção.

A UJS também repudia a manifestação de alguns vereadores e figuras publicas municipais, os mesmos que defendiam a antiga gestão municipal, contra a nossa entidade. Esses senhores nunca representaram o interesse da população, sempre se manifestando favoráveis às empresas de transporte. Os que hoje cobram uma posição da UJS, são os mesmos que, atualmente, seguem a dizer que o transporte público de Rio Grande é bom, sem precisar utilizar os coletivos do município e aproveitando seus carros e gabinetes com ar-condicionado. Portanto, não nos alinharemos a criticas rasas feitas por quem nunca se importou, de fato, com o transporte coletivo, apenas faz dessa disputa seu palanque político para atingir a entidade e promover-se.

União da Juventude Socialista
Rio Grande, 18 de maio de 2015.

domingo, 17 de maio de 2015

Abre Alas lança Carina Vitral à presidência da UNE

Carina Vitral é a candidata do Movimento Abre Alas à Presidência UNE. Foto: Abre Alas/Facebook
A coordenação do Movimento Abre Alas, após longa reunião onde se debateu a problemática nacional e os desafios do movimento estudantil universitário para o próximo período, lançou a candidatura da estudante de economia da PUC-SP, atual Presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), Carina Vitral à Presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Em uma semana marcada pelo machismo e a violência durante o processo de eleição nas Universidades para xs delegadxs ao 54º CONUNE, nos desafiamos a seguir emancipando as mulheres e lutando contra o patriarcado. 

É simbólico, emblemático e histórico a possibilidade de uma Mulher Presidenta da UNE, 5ª Mulher Presidenta em 77 anos, ter a perspectiva de passar a bola para outra Mulher.

Iremos para a reta final de campanha mais animadas e animados, com a convicção que na prática estamos contribuindo para enfrentar o machismo e fortalecer a luta feminista da UNE e em toda sociedade. 

Carina, que já foi da direção da UNE na gestão 2011-2013 e iniciou sua atuação no movimento estudantil em 2009, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), está finalizando uma vitoriosa gestão à frente da UEE-SP que, entre tantas conquistas, assegurou o passe-livre estudantil para xs estudantes de São Paulo! Além de uma grande liderança política, é uma feminista comprometida desde o início da sua militância com a luta das mulheres. 

Xs delegadxs rumo ao 54º Congresso da UNE devem ter a convicção que tem uma candidata feminista, combativa e que orgulha nossa militância. Sem dúvida levará a luta feminista na UNE à outros patamares! 

O protagonismo das mulheres no movimento estudantil não tem volta. Nossa candidatura seguirá Abrindo Alas para as Mulheres!

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Um DCE que não representa a periferia: o que tenho a ver com isto?

A realidade material e econômica do Brasil mudou muito nos últimos anos. O Reuni, o Prouni e as políticas de cotas permitiram que muitxs alunxs de diferentes classes sociais ingressassem e permanecessem nas universidades públicas, além disto, o espaço destas aumentou consideravelmente. Aqui não se trata de uma propaganda de governo, pois mesmo estas políticas públicas merecem sua parcela de crítica; e aqueles atores que vivem o cotidiano estudantil sabem muito bem as mazelas enfrentadas.

O ano de 2014 foi emblemático em nossa instituição. Vimos a ascensão, há muito tempo jamais vista, de uma chapa claramente de direita, com o nome sugestivo de Reação, contudo, parece que faltam “reagentes” para ela estar completa. O último pleito foi marcado por um surpreendente “profissionalismo” de nossos atuais representantes em busca da tomada de poder do Diretório Central. E venceram justamente nas urnas. Se há uma coisa que não podemos reclamar da atual gestão é a sua burocrática melancolia de cumprir obrigações, principalmente onde têm câmeras. Os holofotes parecem ser o que guiam os nossos “representantes” rumo ao estrelado, opa, rumo à nossa representação nada representativa.

Não é impossível ser apartidário, ainda mais em nosso país que depois da redemocratização teve uma euforia de novos partidos sendo criados que não representavam nada e nem a ninguém, somente a interesses escusos de classes da nossa sociedade. E mesmo assim, têm aqueles que mantêm certa fidelidade a algum ideal e conseguem filiados. Nós da UJS, respeitamos toda esta pluralidade. Entretanto, não conseguimos ser coniventes com a irresponsabilidade daqueles que deveriam representar xs alunxs de nossa universidade e se travestem de sem ideologia – quando nós sabemos bem qual ela é, se colocando sempre ao lado do patrão. Em outras palavras queremos dizer que tudo que o DCE em sua atual comissão fez foi ser contra xs estudantes, xs trabalhadores e a periferia.

O nosso país passa, hoje, por um momento de delicado ajuste econômico. Pior que isto, o grande capital financeiro se institucionaliza na forma de medidas provisórias, ou seja, de leis para punir o trabalhador. Em última instância, nós, estudantes de universidades federais, a periferia deste sistema monetarizado, sofremos com cortes de 7 bilhões no orçamento da união destinado à educação. E com isto o projeto da Pátria Educadora fica somente no slogan do governo. Esta internalização do sistema afeta cada âmbito particular de nossas vidas adestrando primeiramente nossos corpos para sermos engrenagens perfeitas desta máquina de exploração, e em última análise nossas almas, nos alienando de perceber e nos sensibilizarmos com o controle de nossas vidas por este sistema do capital.

Nós da UJS lutamos pelo empoderamento do movimento estudantil e de todx e qualquer alunx de nosso sistema educacional em todos os níveis – municipal, estadual e federal. Uma vez que entendemos que, e ainda bem, a educação não se dá somente no âmbito formal, ela também se dá fora das instituições de ensino. Nosso sonho é unir a classe trabalhadora e empoderá-la. Xs estudantes são o elo fundamental desta mudança, pois são a esperança de um mundo melhor, de um país melhor, de uma cidade melhor.

A posição da atual gestão do DCE é de favorecer claramente as leis de mercado. Ou a âncora esmagadora do liberalismo/ neoliberalismo. Entretanto o Brasil não é uma potência como EUA, ou China. Então no que isto implica? Implica no mesmo tipo de servilismo internacional que as nossas classes dominantes tiveram e nos entregaram ao regime militar de 1964. Nos apresentando uma noção de ética, às vezes até mesmo aristotélica, mas se baseando numa prática totalitária de luta contra a classe trabalhadora e estudantil. Como um de seus representantes que além de fazer apologia ao militarismo, faz também à Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente militar depois do golpe.

Representação que consegue confundir “estupro” como se fosse algo vulgar como o preço da passagem. São a favor do liberalismo que convêm, pois são contra o Estado intervir na economia. Mas oras, não são contra o Estado deste mesmo liberalismo permitir o enriquecimento, e sabem muito bem que se não fosse pela intervenção dele a passagem seria muito mais cara do que é agora. E nós, trabalhadorxs/ estudantes seriamos muito mais explorados e sem direito a bolsas uma vez que, estas existem para corrigir as injustiças do sistema capitalista. Foram contra também a ocupação da reitoria - e mesmo que não concordássemos com o método, no momento, interpretamos o ato como uma forma de luta. Ou seja, tudo que xs estudantes lutam por assistência estudantil e uma vida digna, não somente para si, mas para a sociedade como um todo é segundo eles ilegítimo – uma vez que os representantes dxs estudantes são a Gestão Reação.

Estudantes da FURG, uni-vos! Não existe cidadania de mercado como eles nos tentam fazer acreditar. Vamos nos unir na luta para nos tornarmos, como periferia, a centralidade do sistema. Porque reação sem reagente não acontece!