terça-feira, 30 de junho de 2015

O fundamentalismo em Rio Grande barra a educação libertadora

Manifestações favoráveis e contrárias ao PME. Foto: Virgínie Hanisch (22/06/2015)
Na semana que passou observamos com preocupação a reação conservadora de alguns setores da comunidade riograndina com o Plano Municipal de Educação (PME), que foi construído através de debates intensos na comunidade – representada pela sociedade civil, políticos e a academia. O município de Rio Grande realizou uma pré-conferência e uma conferência para debater o PME e construir, de forma coletiva, o texto inicial. Situações vergonhosas foram proporcionadas por alguns vereadores, que, por opção, admitiram publicamente não ler e não participar desse processo. Esses “representantes do povo” barraram trechos importantes do texto do plano, que defendia uma educação inclusiva – o que seria uma das principais metas apresentadas.

A retirada das propostas sobre gênero e sexualidade, que estavam presentes em nosso plano, representou uma grande perda para a educação de Rio Grande. A derrota torna-se ainda mais evidente se levarmos em conta a forma despolitizada com que a discussão foi promovida, fomentada pelo ódio dos legisladores. Durantes os dois dias em que o Plano foi analisado na Câmara Municipal de Vereadores, presenciamos manifestações que bradavam “não a ideologia de gênero”, utilizando conceitos de forma descompromissada com a luta dos movimentos sociais e sem embasamento a respeito das reais discussões acerca do tema.

Tivemos uma dupla inventividade em nossa Câmara de Vereadores, onde religião é tratada como ciência e o debate de gênero como ideologia. Nossos políticos bradam que não são nossos “empregados”, quando, na verdade, são pagos com os impostos dos contribuintes; e elaboram nossas leis ao seu bel prazer, impondo seu dogmatismo religioso nas nossas escolas. Também observamos expressões de ódio nos rostos daqueles que, levados ao Legislativo Municipal sem entender o porquê de lá estarem (apenas com discursos prontos e superficiais), gritavam palavras de ordem contra uma suposta “ideologia de gênero”. Além das agressões verbais contra educadores(as) e militantes dos movimentos LGBT e de direitos humanos somado à isso a falta de diálogo. Esquecem que toda e qualquer violência contra mulher é uma violência de gênero, bem como todas as outras cometidas contra lésbicas, gays, transexuais, transgêneros. Na tribuna vimos vereadores defendendo um modelo atrasado e excludente de família. Vimos discursos homofóbicos e pronunciamentos desrespeitosos dirigidos aos(as) educadores(as) presentes. 

O debate sobre as metas do plano foi duramente descaracterizado. A suposta polêmica, gerada através do senso comum, reduziu assuntos importantes em relação aos rumos da educação em nossa cidade, no plano de fundo do show de horrores promovido pelos vereadores conservadores e fundamentalistas de nosso município.

A União da Juventude Socialista (UJS) de Rio Grande reafirma o seu compromisso com a luta por uma educação de qualidade, democrática e inclusiva. Lutamos por escolas que estejam de portas abertas para a diversidade, acolhendo todos os estudantes, todas as formas de amor e qualquer concepção de família. Acreditamos em uma escola que combata o machismo, o racismo, a LGBTfobia e todas as formas de opressão. Seguimos na luta para que a educação dos nossos sonhos não seja tratada como mercadoria para o capital, e sim uma educação emancipadora.

domingo, 7 de junho de 2015

Carina Vitral é a nova presidenta da UNE

Carina Vitral é eleita presidenta da UNE. Foto: Vitor Vogel/UNE
Pela primeira vez na história, a União Nacional dos Estudantes (UNE) terá uma sucessão entre mulheres. O 54º Congresso da UNE (CONUNE), que terminou neste domingo (7), em Goiânia (GO), elegeu a estudante de economia da PUC-SP, Carina Vitral, como nova presidenta da entidade. Carina sucede a pernambucana Vic Barros na condução da entidade.

Natural de Santos (SP), 26 anos de idade, Carina Vitral iniciou sua atuação no movimento estudantil em 2009, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Entre 2011-2013, Carina fez parte da direção da UNE. Nos últimos dois anos, foi presidenta da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) e esteve à frente da juventude na conquista do passe livre estudantil nos transportes do Estado. 

Diferentemente dos três últimos presidentes da entidade, alunos de grandes universidades públicas brasileiras como UFRJ e USP, ela representa a multidão de estudantes das particulares que se tornaram protagonistas no país a partir de programas como o Prouni e o Fies. Carina defende maior empenho da UNE na regulamentação do ensino superior privado, ampliação da assistência estudantil, mudanças na política econômica do país, taxação das grandes fortunas e a reforma política democrática com o fim do financiamento privado de campanhas.

Na pauta da educação, sinaliza para um período de muita agitação também nas universidades federais, que já sofrem com o contingenciamento de verbas neste ano de 2015. Anuncia uma campanha de grandes proporções pela ampliação da assistência estudantil e pela implantação devida do Plano Nacional de Educação no país.

Ela promete uma UNE radicalizada, já nos primeiros meses de mandato, contra retrocessos como a redução da maioridade penal. Outra postura firme da entidade deverá ser pela reforma política democrática, pelo fim do financiamento privado de campanhas e pela inclusão dos jovens na política.

Ao lado de Carina estará Moara Correa Saboia, 25 anos, estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Esta será a primeira vez que os cargos de presidência e vice-presidência serão ocupados por mulheres.

O 54º Congresso da União Nacional dos Estudantes

A plenária final do encontro contou com a participação de 4.071 delegados, representando mais de 98% das universidades do país, e consolidou esta edição do congresso como um dos maiores já realizados pela UNE. 

Carina Vitral foi eleita pela chapa “O movimento estudantil unificado contra o retrocesso em defesa da democracia e por mais direitos”, que obteve 2.367 (58,14%) dos votos.

Também participaram da eleição a chapa “Eu acredito que você vai gritar junto”, que obteve 34 votos; a chapa “Campo popular que vai botar a UNE pra lutar”, que obteve 724 dos votos; a chapa “Contra os cortes. Coragem para lutar”, que obteve 242 votos; e a chapa “Oposição de Esquerda”, que obteve 704 votos.

O congresso definiu os rumos e o posicionamento da UNE diante da atual conjuntura do país. Uma das principais girou em torno do tema da redução da maioridade penal. Os milhares de estudantes presentes se mostraram veementemente contrários à proposta. Um ato de repúdio ocorreu durante a plenária final, quando o bandeirão “Redução é roubada” circulou em todo o ginásio Goiânia Arena.

A UNE lançou ainda o relatório da sua Comissão da Verdade, um estudo de dois anos realizado por pesquisadores sobre a violência da ditadura militar contra estudantes, entre eles o ex-presidente da entidade Honestino Guimarães, natural de Goiás.

Com informações da União Nacional dos Estudantes

quarta-feira, 3 de junho de 2015

UJS Rio Grande no 54º CONUNE


A União da Juventude Socialista (UJS) de Rio Grande, através do movimento Abre Alas, pega a estrada para mais um Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE). Iniciado agora a pouco em Goiânia (GO), a 54ª edição do CONUNE, que segue até o próximo domingo, é o maior e mais representativo fórum de deliberação do movimento estudantil brasileiro.

O objetivo do Congresso, além de reafirmar a longevidade e combatividade da União Nacional dos Estudantes, é discutir e trocar opiniões sobre o país, avaliar as políticas públicas, a ação dos movimentos sociais, os avanços na área da educação, esporte, meio ambiente, direitos humanos e outros assuntos vitais para o desenvolvimento do país. É o momento do jovem formular, discutir, elaborar e decidir os rumos do movimento estudantil para os próximos dois anos – tempo de duração da gestão da nova diretoria que será eleita.

O CONUNE é também um grande encontro da diversidade, celebrado com atividades culturais, intervenções artísticas, trocas de costumes, experiências e tradições.

Na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), o movimento Abre Alas elegeu três delegados(as):

Bruno Santos (Ciências Contábeis)
Joice Eslabão (História Licenciatura)
Virgínie Hanisch (Direito Noturno)

Conheça as formas de representação e participação no Congresso da UNE:

DELEGADO – Figura imprescindível para o Congresso da UNE. Ele é o estudante escolhido em sua universidade por meio de uma eleição organizada pelo DCE (ou comissão de 10) com votação direta em urna. Os delegados são eleitos na proporção de um para cada mil estudantes matriculados. O processo respeita o método da proporcionalidade das chapas, o que garante na eleição uma pluralidade de ideias e opiniões. O delegado traz para o Congresso os problemas, soluções e experiências de sua universidade para compartilhar com os outros participantes.

OBSERVADOR – Estudantes que vão participar dos debates, grupos de discussões, eventos culturais e contribuir na formulação dos documentos e linhas de atuação que nortearão o movimento estudantil pelos próximos dois anos. O observador pode defender uma tese e até encaminhar propostas. Ele só não pode votar nem participar do processo eleitoral do Congresso da UNE durante a plenária final.

MOVIMENTOS OU CHAPAS – É o conjunto dos estudantes que se unem em torno de uma proposta em comum. São os movimentos ou chapas que apresentarão na plenária final as suas ideias sobre temas como conjuntura, educação e movimento estudantil, além de apoiar um candidato à presidência da UNE.

DEBATES – Mesas de discussão que contam com a participação de figuras importantes no cenário nacional, como professores, pesquisadores, movimentos sociais, jornalistas e parlamentares. Os debates têm a função de expor a diversidade de ideias da sociedade e dos estudantes sobre determinado assunto. São analisados temas como educação, política, economia e direitos humanos.

GRUPOS DE DISCUSSÃO – São espaços para os estudantes trocarem ideias e opiniões com objetivo de contribuir para a formulação das teses que serão apresentadas durante a plenária final do Congresso. Normalmente, são divididos por temas como mulheres, combate ao racismo, movimento estudantil, cultura, LGBT e direitos humanos.

TESES – É o conjunto de ideias e opiniões que circulam pelo Congresso e que apontam caminhos para a conjuntura do movimento estudantil no geral. O resumo dos principais textos apresentados previamente ao 54º Congresso estão compilados em um caderno especial distribuído junto ao kit que o estudante recebe no credenciamento, valorizando assim a democracia na UNE.

PLENÁRIA FINAL – Após os debates e grupos de discussão, o Congresso da UNE entra em regime de votação das propostas e eleição da nova diretoria. Essa é a chamada plenária final, momento em que todos os participantes se reúnem em um só local para deliberar sobre os rumos do movimento estudantil e eleger o novo presidente e a nova diretoria. Esse processo é realizado por meio do contraste visual (quando os delegados levantam os seus crachás e uma maioria é identifica com clareza), e por votação direta em urna. A diretoria é composta proporcionalmente na medida exata dos votos que cada chapa obteve. Ao todo, 85 diretores assumem cargos na entidade, sendo que 17 participam da diretoria executiva, ocupando posições como presidência, vice-presidência, secretaria geral ou de comunicação.