sexta-feira, 15 de maio de 2015

Um DCE que não representa a periferia: o que tenho a ver com isto?

A realidade material e econômica do Brasil mudou muito nos últimos anos. O Reuni, o Prouni e as políticas de cotas permitiram que muitxs alunxs de diferentes classes sociais ingressassem e permanecessem nas universidades públicas, além disto, o espaço destas aumentou consideravelmente. Aqui não se trata de uma propaganda de governo, pois mesmo estas políticas públicas merecem sua parcela de crítica; e aqueles atores que vivem o cotidiano estudantil sabem muito bem as mazelas enfrentadas.

O ano de 2014 foi emblemático em nossa instituição. Vimos a ascensão, há muito tempo jamais vista, de uma chapa claramente de direita, com o nome sugestivo de Reação, contudo, parece que faltam “reagentes” para ela estar completa. O último pleito foi marcado por um surpreendente “profissionalismo” de nossos atuais representantes em busca da tomada de poder do Diretório Central. E venceram justamente nas urnas. Se há uma coisa que não podemos reclamar da atual gestão é a sua burocrática melancolia de cumprir obrigações, principalmente onde têm câmeras. Os holofotes parecem ser o que guiam os nossos “representantes” rumo ao estrelado, opa, rumo à nossa representação nada representativa.

Não é impossível ser apartidário, ainda mais em nosso país que depois da redemocratização teve uma euforia de novos partidos sendo criados que não representavam nada e nem a ninguém, somente a interesses escusos de classes da nossa sociedade. E mesmo assim, têm aqueles que mantêm certa fidelidade a algum ideal e conseguem filiados. Nós da UJS, respeitamos toda esta pluralidade. Entretanto, não conseguimos ser coniventes com a irresponsabilidade daqueles que deveriam representar xs alunxs de nossa universidade e se travestem de sem ideologia – quando nós sabemos bem qual ela é, se colocando sempre ao lado do patrão. Em outras palavras queremos dizer que tudo que o DCE em sua atual comissão fez foi ser contra xs estudantes, xs trabalhadores e a periferia.

O nosso país passa, hoje, por um momento de delicado ajuste econômico. Pior que isto, o grande capital financeiro se institucionaliza na forma de medidas provisórias, ou seja, de leis para punir o trabalhador. Em última instância, nós, estudantes de universidades federais, a periferia deste sistema monetarizado, sofremos com cortes de 7 bilhões no orçamento da união destinado à educação. E com isto o projeto da Pátria Educadora fica somente no slogan do governo. Esta internalização do sistema afeta cada âmbito particular de nossas vidas adestrando primeiramente nossos corpos para sermos engrenagens perfeitas desta máquina de exploração, e em última análise nossas almas, nos alienando de perceber e nos sensibilizarmos com o controle de nossas vidas por este sistema do capital.

Nós da UJS lutamos pelo empoderamento do movimento estudantil e de todx e qualquer alunx de nosso sistema educacional em todos os níveis – municipal, estadual e federal. Uma vez que entendemos que, e ainda bem, a educação não se dá somente no âmbito formal, ela também se dá fora das instituições de ensino. Nosso sonho é unir a classe trabalhadora e empoderá-la. Xs estudantes são o elo fundamental desta mudança, pois são a esperança de um mundo melhor, de um país melhor, de uma cidade melhor.

A posição da atual gestão do DCE é de favorecer claramente as leis de mercado. Ou a âncora esmagadora do liberalismo/ neoliberalismo. Entretanto o Brasil não é uma potência como EUA, ou China. Então no que isto implica? Implica no mesmo tipo de servilismo internacional que as nossas classes dominantes tiveram e nos entregaram ao regime militar de 1964. Nos apresentando uma noção de ética, às vezes até mesmo aristotélica, mas se baseando numa prática totalitária de luta contra a classe trabalhadora e estudantil. Como um de seus representantes que além de fazer apologia ao militarismo, faz também à Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente militar depois do golpe.

Representação que consegue confundir “estupro” como se fosse algo vulgar como o preço da passagem. São a favor do liberalismo que convêm, pois são contra o Estado intervir na economia. Mas oras, não são contra o Estado deste mesmo liberalismo permitir o enriquecimento, e sabem muito bem que se não fosse pela intervenção dele a passagem seria muito mais cara do que é agora. E nós, trabalhadorxs/ estudantes seriamos muito mais explorados e sem direito a bolsas uma vez que, estas existem para corrigir as injustiças do sistema capitalista. Foram contra também a ocupação da reitoria - e mesmo que não concordássemos com o método, no momento, interpretamos o ato como uma forma de luta. Ou seja, tudo que xs estudantes lutam por assistência estudantil e uma vida digna, não somente para si, mas para a sociedade como um todo é segundo eles ilegítimo – uma vez que os representantes dxs estudantes são a Gestão Reação.

Estudantes da FURG, uni-vos! Não existe cidadania de mercado como eles nos tentam fazer acreditar. Vamos nos unir na luta para nos tornarmos, como periferia, a centralidade do sistema. Porque reação sem reagente não acontece!

Um comentário:

  1. Pequena observação: o título sugere que o coletivo pretende corroborar para a reação (Reação).

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